Quando eu era criança, tinha uma televisãozinha da Xuxa (eu não gostava da Xuxa, mas ganhei a TV pq tinha nas cores roxo e rosa) preto e branco em 14 polegadas.
Nela eu via o mundo.
E só depois de um tempo entendi porque gostava.
Nessa época todas as minhas poucas colegas gostavam de desenhar.
Sempre fui mais de escrever.
Escrevia poeminhas, cartinhas, diários e bolava histórias.
Talvez fosse uma fuga pela minha dificuldade com as cores.
Sempre tirava "zero" e ainda pequena não entendia o porquê que o meu azul era diferente do azul das outras pessoas.
Ser a "rapa do tacho" como se diz no interior da cidade onde cresci, tem suas vantagens e desvantagens.
Cresci cercada de gente porém sozinha! Sempre fui a mais nova e a ultima a ser escolhida nos jogos. Ao mesmo tempo que eu era sozinha, a necessidade de ser sozinha me fez caminhar para a criatividade.
Criatividade que às vezes incomoda à todos em volta.
Nem sempre todo mundo tem clima para minhas piadas sempre sem graça.
E outros tantos, senão muitos, não sabem que o mais engraçado está na ousadia da sem-graceza.
Sempre disse que devemos viver ao invés de sobreviver...
É nosso papel.
Quem sabe sou apenas um saquinho de sopa de letrinhas escanteado e esquecido, fora da validade, numa gôndula de supermercado... Cheio de indiretas.
Indiretas que teimam ser diretas.
Como não diretas, por ser indiretas, são indiretas quase diretas.
Tentei entrar para o jornalismo para mudar o mundo, fiz 1 ano e 6 meses.
Depois desisti. Não por ser difícil, mas 1º por nunca terminar algo que começo e 2º por não concordar com muita coisa no mundo.
Mas não concordar, cada vez mais é fazer...
Às redes sociais criaram falsos mártires...
Hoje todo mundo brinca de ser Fidel, Napoleão ou Tiradentes com 140 caracteres...
Outros tantos teimam em ser Madre Terezas com fotos no Facebook e declarações de amor para sabe lá quem...
Tudo na superficialidade e comodidade do de trás da tela...
A tela que separa o mundo virtual do real, engessa a atitude.
Criamos revoluções passageiras por minutos e num prazo de três dias esquecemos.
Nosso ritmo atual é para isso.
A urgência que nos leva pela mão, nos faz esquecer de quem somos, de nossa essência.
A mesma urgência em muitos, nem possibilita a criação dessa essência.
O século da tecnologia se transforma no século da falta de essência.
Cada pessoa deveria ter sua fragrância.
A maioria das pessoas hoje em dia procura sua essência em revistas e internet e até em outras pessoas...
Essências Instantâneas.
Em um mundo de falsas intenções com diversos atores, decorando um texto pré-moldado.
Pra seguir as correntes que levam para um oceano sem fim...
Diversas ilhas isoladas lutando por seu coqueiro, pelo lugar ao Sol...
Mesmo sabendo que o Sol não se toca.
E que a ilusão que criaram, hoje te move, te ilude...
Seres instantâneos de ilusão.
Cada vez mais cegos e iguais...
Sem essência.
Mas com ponto final.
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