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Quando chegar o dia 26

Só eu sei o quão difícil está sendo ficar aqui passando por tudo isso.
Olhar pra ele, sentir a presença dele, estar na presença dele, ouvir a voz dele, o barulhos dos passos quando ele anda arrastando o chinelo, o barulho dele limpando a garganta...
Tudo isso está me corroendo. Preciso ser forte.
O motivo pelo qual vim pra cá não é ele e necessita de total atenção.
Nos vimos e falamos o básico.
Mal olhei para o rosto dele pois eu sei que se eu olhar eu choro (e não será pouco).
Choro de saudade, de tristeza, de humilhação, de decepção, de sensação de ter sido insuficiente mais uma vez na vida a ponto de não conseguir fazer alguém ficar.
Tenho chorado todos os dias desde aquela fatídica segunda-feira.
Choro todos os dias pensando nele, lembrando dele, lembrando de nós, tentando entender como tudo ficou assim.
Se eu estou no meu quarto eu lembro dele.
Aquela parede foi ele quem me ajudou a escolher a cor e pintar.
A mancha de cinza na parede branca do canto foi ele quem fez (e tentou limpar com cuspe, o que só piorou a mancha rs).
Existe cada pequeno detalhe dele naquele quarto. Existe cada pequeno detalhe dele em mim.
Ele está nas músicas que eu ouço, nos filmes que eu vejo, em pares de meias com estampas diferentes que eu vejo e sempre penso em comprar pra ele, está nas marcas de roupa que eu nunca me importei, está no "oxe" que eu costumo falar, está em Campos do Jordão, está na palavra "turismo", está na comida japonesa, na pizza portuguesa, na minha playlist do spotfy que fiz com músicas que ele me indicou (essa playlist leva o nome dele)... Tudo me lembra ele. Tudo me faz pensar nele. Nunca imaginei que fosse chorar quando visse alguma coisa do homem aranha.
Tem sido difícil. Tem sido longos dias desde o dia em que ele decidiu não estar mais comigo e seguir a vida dele.
Eu estou sozinha querendo estar com ele, fazer parte da vida dele, acompanhar, ajudar, apoiar.
Eu guardo um diário de lembranças. Memórias que guardei ao longo desses quase 7 meses. Fotos, momentos...
Eu estou caindo aos pedaços a cada minuto. Sinto que falta uma parte de mim e essa parte é ele.
Hoje descobri mais uma mentira, mais uma coisa que ele escondeu, na verdade distorceu. O que eu fiz? Não fiquei com raiva e nem decepcionada. Eu simplesmente perdoei, e nem com ele estou. Se estivesse, perdoaria da mesma forma. Perdoei muita coisa, aguentei muita coisa. Lidei com muita coisa que eu nao imaginei que seria capaz de lidar.
Eu o amo. Talvez meu erro tenha sido essa intensidade toda. Toda essa doação mesmo sabendo que eu poderia estar mergulhando em um mar raso.
Agora eu estou aqui, apaixonada e me afogando diariamente nesse mar.
O mesmo está prestes ao fim e que Deus me ajude quando chegar o dia 26! Não sei como vou reagir. Não sei o que vou sentir... Só quero que Deus me ajude quando chegar o dia 26...

Gravidade

Por acaso, passeando pelas configurações do Google, vi esse blog no qual eu escrevia diariamente (ou tentava) anos atras.
Bateu a vontade de voltar a escrever. Como não sou de me abrir muito para o mundo por sempre achar que estou incomodando, escrever é meu meio de externalizar tudo o que eu sinto.
Atualmente tenho 28 anos e muita história pra contar por aqui. Muita coisa pra atualizar.
Fazem 5 anos desde a minha última publicação aqui. Amadureci bastante de 2014 pra cá. Aprendi algumas coisas sobre a vida, mantive alguns outros pensamentos... Sei lá, de certa forma eu sou uma nova Priscilla Cardoso.
Só pra atualizar, hoje em dia moro em São Paulo. Me mudei pra cá em 2017 e minha vida mudou totalmente.
Iniciei um relacionamento depois do último relacionamento que tive (que foi extremamente conturbado) e olha que curioso, meu último relacionamento durou 2 anos e 2 meses e foi tão conturbado quanto o anterior. Me deixou algumas sequelas diferentes do anterior mas que me prejudicam tanto quanto.
Trabalho em uma empresa muito foda mas que está passando por um momento muito ruim.
Foi nessa empresa super foda que eu posso dizer que conheci a melhor pessoa da minha vida. No dia 26 de Fevereiro de 2019.
Ah, mas aí vcs vão pensar "mimimi, a gente sempre acha que é a melhor pessoa... mimimi".
Gente, sério, eu já namorei algumas vezes (3 pra ser mais específica) e ele... Ah ele... Ele é um homem incrível.
Curiosamente ele é mais novo que eu (4 anos), mas é de uma maturidade que eu nunca vi igual. Parece que ele tem 28 e eu 24 (ou talvez menos).
Ele me ensinou muita coisa, muita coisa mesmo. Todo dia era um ensinamento diferente, uma experiência nova, uma sensação incrível....
Ando meio bad. Meio não, totalmente.
Algo sempre me traz de volta a ele e isso não demora muito.
Não importa o que eu diga ou faça, ainda sinto tudo até o momento que me afasto.
Ele me segura sem me tocar e me prende sem correntes.
Eu nunca quis tanto algo quanto afundar nele e não sentir uma gota de chuva ou sentir a água do oceano.
Gostaria que me libertasse, que me deixasse ser.
Gostaria de não cair sempre nessa gravidade
Aqui estou eu, tão erguida e confiante, exatamente como deveria estar (ou penso estar)
Mas a verdade é que ele está em mim e por toda parte de mim, e até no meu cheiro ele está.
Seria eu uma pessoa frágil pensando ser forte?
Talvez isso seja um meio de dissipar tudo o que me faz sentir.
Mas se ele me toca, se ele me olha fixamente por um pequeno instante, se ele me faz um carinho... Toda a minha força frágil se vai em fração de segundos.
Ele não é aliado e nem inimigo, mas eu simplesmente não consigo deixa-lo ir, ou me deixo ir.
A única coisa que ainda sei é que ele me deixou pra baixo algumas vezes. Nenhuma delas foi motivo pra eu me sentir infeliz.
O fato de nunca ser boa o suficiente para agradá-lo me corrói o estômago feito úlcera.
Um amor e um ódio.
Uma paixão e uma loucura.
Um bem e um mal.
É... ele está em mim e por toda a parte de mim.

Os barulhos de tambor que ele me causa

Há um barulho de tambor dentro da minha cabeça que começa toda vez que ele está por perto ou quando eu vou ao encontro dele.

Eu acho que ele poderia escutar, pois faz um som todo poderoso.

Um barulho na minha cabeça que me joga no chão. Mais alto que sirenes. Mais alto que sinos. Mais doce que o paraíso. E mais quente que o inferno.

Eu mentalmente, tento dissipar tudo isso, corro para a torre onde os sinos da igreja soam na esperança de que eles limpem minha mente de todo aquele barulho de nervosismo.

Eles deixaram chiado nos ouvidos e aquele tambor continua batendo alto e claro.

Enquanto movimento meu pé em direção a ele, eu posso ouvir essa batida enchendo a minha cabeça e ficando mais alto e mais alto.

E eu mentalmente corro para um rio imaginário e mergulho bem fundo

Rezo pra que a água afogue o ruído que ele provoca quando está comigo.

Mas enquanto a água enche minha boca

Ela não consegue lavar os ecos

Eu engulo o som e ele me engole inteira

Até que não haja nada mais dentro da minha alma

Tão vazia quanto a batida seca, mas o som começa de novo.
Descobri que o som desse tambor é o som do medo.
O medo de perdê-lo!